Histórias de amor incondicional merecem ser celebradas!

TRIBUTO ÀS MÃES, ESPECIALMENTE ÀS MÃES ATÍPICAS

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– Serjooo! Vem almoçar! A comida tá na mesa!

– Tá mãe… Mas vem me buscar, né! Esqueceu que eu não ando?

– Aé… Já vou, preguiçoso.

Falar sobre maternidade atípica sem lembrar de Dona Maria Inês Nardini seria um verdadeiro sacrilégio! Mas, quem foi essa mulher? A resposta é simples e complexa ao mesmo tempo: Ela foi (e é) a mãe do “Pai de Rodinhas”.

A princípio, eu posso defini-la como discreta, sensível, tímida, forte, afetuosa, irreverente, leve, com um senso de humor aflorado e querida por todos que frequentavam a nossa casa.

Como mãe, ela nunca me poupou de seus deboches e piadas, muito menos dos sermões e das advertências, sempre que necessário. Minha deficiência também nunca foi motivo para me isentar dos meus deveres. Isso significava que ela me enxergava como qualquer outra criança e, mais tarde, como qualquer outro adolescente rebelde. Viver n’uma cadeira de rodas, com movimentos super limitados, nunca me impediu de curtir a vida adoidado e nem de cometer erros e excessos – guardadas as devidas proporções em razão da minha condição.

Ela conhecia, como ninguém, todas as minhas limitações físicas e necessidades. Do mesmo modo, ela sabia das minhas capacidades, principalmente na arte de persuadir e criar alternativas para superar algum tipo de barreira. E sobre minhas condutas… OK, confesso que, eventualmente, eu escutava mais o ‘diabinho’ do que o ‘anjinho’ sussurrando no meu ouvido (hehehe).

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Ser mãe é uma missão sagrada e desafiadora em qualquer contexto, porém, quando o filho(a) vive uma situação de deficiência, essa jornada é composta por experiências mais intensas. Mães atípicas são assim: às vezes, elas não têm tempo e disposição nem para tomar banho ou almoçar/jantar com calma. No caso da minha mãe, ela se dedicava tanto a mim que esquecia dela própria. Salão de beleza era um ambiente raramente visitado por ela. Quase nunca reclamava, apesar de estar “sozinha” naquela complexa atribuição de cuidar do frágil Serginho, mesmo morando com outras pessoas na mesma casa.

(Meu pai sempre foi responsável por outras tarefas, contudo, sua participação nesse processo sofria interferências de uma cultura machista. Eu não posso culpá-lo por suas ajudas seletivas, pois, lamentavelmente, ele foi criado e educado para pensar e agir de acordo com o velho pensamento: “Isso não é responsabilidade de homem”.)

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Eu me lembro das incontáveis noites mal dormidas e das inúmeras ocasiões em que ela terminou o dia cochilando no sofá, exausta e preocupada comigo por causa da gripe e da falta de ar. Ela já sabia que eram sinais de mais uma pneumonia e que os próximos dias provavelmente seriam no hospital. Essa situação era recorrente e incompreendida, pois meu real diagnóstico demorou mais de 30 anos para ser descoberto.

A maternidade/paternidade atípica também exige uma dose de equilíbrio, quando o assunto é cuidar. De vez em quando, as preocupações excessivas de minha mãe me sufocavam. Com o tempo, ela entendeu que eu tinha um jeito próprio para “voar”, e reconheço que só alcancei grandes altitudes graças ao seu apoio.

Atualmente, a vivência como pai me trouxe uma nova percepção sobre cuidado e proteção. Agora eu compreendo o significado desse “LOUCO AMOR”, exclusivamente próprio dos verbos maternar e paternar. É uma pena que Lavínia está construindo memórias da vó Maria apenas por meio de vídeos e fotos. A convivência entre as duas foi interrompida precocemente, logo após o aniversário de 1 ano. Minha filha nasceu no dia 29 de março de 2010 e sua vovó partiu no dia 12 de abril de 2011.

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Finalizando, devo registrar que vó Pierina, mãe do meu pai, cuidou de mim ao longo dos meus primeiros 7 anos de vida. Isso aconteceu durante as ausências da minha mãe quando morávamos na fazenda (na época, ela labutava na roça) e por um curto período depois que mudamos para a cidade (visto que ela trabalhou como empregada doméstica até o início do meu percurso escolar). A Super Maria precisou sair do emprego para me levar à escola e ficar de plantão no pátio. Antes da nossa família adquirir o primeiro carro, um Fusca azul, mãe e filho atravessavam a cidade a pé. Melhor dizendo, eu ia sentadão na cadeira de rodas enquanto ela me empurrava. Bem… A partir daí começa uma outra história.

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Hoje, quem cuida de mim é uma mulher incrível chamada Elis, que, além de esposa e mãe de uma adolescente, também é uma competente e dedicada profissional na área de educação, cozinheira, mãe de pet, nora etc etc etc.

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A vida é da cor que a gente a pinta.